Introdução
Recentemente, uma universidade no Reino Unido levantou a polêmica de que a obra O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien, retrataria povos de pele escura como vilões e povos de pele clara como heróis. A disciplina acadêmica chamada Decolonising Tolkien sugere que orcs, haradrim e outros personagens seriam fruto de “chauvinismo étnico”. Essa leitura tem gerado debates intensos sobre literatura, cultura e preconceito.
Mas como cristãos podemos olhar para esse tipo de discussão? O que a Bíblia nos ensina sobre discernir a cultura e não cair em extremos?
O debate cultural
• A crítica acadêmica: o curso afirma que Tolkien teria reproduzido estereótipos raciais, associando povos do “leste” e do “sul” ao mal.
• A defesa dos leitores: muitos lembram que Tolkien era católico devoto, crítico do nazismo e que sua obra é uma alegoria espiritual sobre o bem contra o mal, não sobre etnias humanas.
• O risco da leitura ideológica: quando a cultura é interpretada apenas sob lentes políticas, perde-se a riqueza simbólica e espiritual que o autor pretendia transmitir.
Uma visão cristã
A Palavra de Deus nos lembra que:
• “De um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra” (Atos 17:26).
→ Não existem povos “naturalmente maus” ou “naturalmente bons”. O pecado é universal, mas também o é a graça de Cristo.
• “O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração” (1 Samuel 16:7).
→ A verdadeira batalha não é entre cores de pele, mas entre luz e trevas espirituais.
• “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente” (Romanos 12:2).
→ O cristão é chamado a discernir a cultura, sem absorver tudo nem rejeitar tudo, mas filtrando à luz da fé.
Aplicação prática
• Discernimento: nem toda crítica cultural é justa, mas também não devemos ignorar reflexões sobre preconceito.
• Esperança: Tolkien nos lembra que, mesmo em meio às trevas, a luz prevalece — uma mensagem profundamente cristã.
• Unidade: em Cristo, não há “elfos, anões ou orcs”, mas uma nova humanidade reconciliada (Efésios 2:14-16).
Conclusão
O debate sobre Tolkien mostra como a cultura pode ser interpretada de formas diferentes. Como cristãos, somos chamados a não cair em polarizações, mas a enxergar além: toda boa história aponta, de alguma forma, para a Grande História da Redenção.
Assim, ao lermos obras como O Senhor dos Anéis, podemos aproveitar não apenas a fantasia, mas também a oportunidade de refletir sobre a vitória da luz sobre as trevas — uma verdade que se cumpre plenamente em Cristo.
Fonte: Daily Mail
Jamerson Silva Araújo é escritor, teólogo por vocação e discípulo de Cristo por convicção. Após anos de ceticismo, encontrou a fé ao estudar as Escrituras com o desejo de refutá-las — e acabou transformado por elas. É autor do livro Jornada ao Santuário e criador de conteúdos voltados à edificação da fé cristã com base no princípio do Sola Scriptura. Atualmente, dedica-se a projetos como “Até a Última Página“, onde divide com os leitores a oportunidade de opinar e participar de seus futuros livros.