O ex-primeiro-ministro diz que a humanidade está entrando em sua maior transformação desde a Revolução Industrial e que é “absurdo” não fazer mais no NHS (National Health Service).
Sir Tony Blair disse que a Grã-Bretanha deve abraçar um futuro de médicos, enfermeiros e até professores com IA ou correr o risco de ficar para trás na maior reviravolta desde a Revolução Industrial.
O ex-primeiro-ministro disse que os receios em relação à inteligência artificial deveriam ser superados pelo impacto “absolutamente transformador” que ela poderia ter nos serviços públicos, economizando tempo e cortando custos.
“Quando olho para trás e observo o que [a IA] está fazendo, acho que estamos no sopé da revolução mais transformadora desde a Revolução Industrial do século XIX”, disse ele no festival SXSW de Londres.
“Governo é tudo uma questão de processo, então você poderia usar IA para acelerar o processo de governo, garantindo que realizemos, por exemplo, todas as tarefas rotineiras do governo com muito mais eficiência. Você poderia responder às pessoas de uma forma muito mais sensível, rápida, melhor e mais eficiente.”
Se, por exemplo, você conseguir mesclar conjuntos de dados entre departamentos, economizará dinheiro. Você analisará, com base em dados de saúde, de uma forma que lhe permitirá elaborar melhores políticas de saúde. E então, quando você analisar os serviços públicos, poderá personalizar a educação no futuro.
“Você poderia ter tutores de IA, deveria ter enfermeiros de IA, médicos de IA. Já estamos fazendo imagens muito, muito melhores com o uso de inteligência artificial. Isso tornará [o governo] muito menor, mais eficiente, custará menos e prestará um serviço melhor ao cliente.”
O país não pode se dar ao luxo de ser melindroso em relação ao poder dessa tecnologia emergente, disse Blair, acrescentando: “É absurdo que ainda não tenhamos disponibilizado todos os nossos dados do NHS para serem usados em inovação”.
A IA não era nem “boa” nem “má” em si, mas um poder que precisava ser aproveitado com responsabilidade, disse ele. “Estamos literalmente apenas começando esta jornada.” Assim como a Revolução Industrial deu origem ao Estado do século XX, acredito que esta revolução tecnológica, em última análise, mudará completamente a forma como o Estado e o governo funcionam.”
Sim, é preciso mitigar os riscos para lidar com os perigos, mas é preciso acessar as oportunidades. Se eu estivesse no governo hoje, acho que estaria pensando em como reorganizar todo o governo em torno de como abraçar e acessar essa revolução.
Ataque à “conspiração da inércia” em Whitehall
O festival SXSW, um evento intersetorial fundado em Austin, Texas, realizará sua primeira edição europeia em Londres em junho. O público ouviu como a IA generativa poderia economizar aos servidores públicos, em média, 26 minutos por dia, tempo que poderia ser redirecionado para tarefas mais importantes — mais um motivo, argumentou Blair, para que burocratas “resistentes” adotem a nova tecnologia.
Um teste recente do governo descobriu que 30.000 funcionários públicos poderiam ser libertados do trabalho árduo de tarefas administrativas de rotina, como redigir documentos, resumir reuniões e lidar com e-mails, se a IA fosse implementada em Whitehall.
“Quando eu era criança, as pessoas diziam que o funcionalismo público era uma conspiração dos Conservadores. E quando entrei para lá, percebi que não era uma conspiração para os Conservadores ou para os Trabalhistas. É uma conspiração por inércia, que tem a genialidade de absorver o ímpeto da mudança e sufocá-lo”, disse Blair.
Grã-Bretanha pode se tornar obsoleta, diz ministro
Blair estava discutindo o governo na era da IA, ao lado de Peter Kyle, o secretário de tecnologia que riu das críticas recentes de Sir Elton John, que o chamou de “idiota” por causa das propostas controversas que permitem que grandes empresas de tecnologia peguem obras protegidas por direitos autorais sem permissão.
“Meu irmão achou que foi a melhor coisa que já ouviu”, riu Kyle. O secretário de tecnologia disse que estava disposto a correr riscos ao experimentar com IA, pois acreditava que resistir à mudança seria um risco maior e que o Reino Unido se tornaria “obsoleto”.
Poderia haver grandes recompensas em oferecer dados públicos às empresas de tecnologia, disse Kyle.
“Este governo, este país, nosso estado tem o conjunto de dados mais extraordinariamente poderoso e rico, [mais] do que qualquer outro país do mundo.
“Agora, se pudermos usar esses dados com sabedoria e segurança, poderemos ter os tipos de avanços e avanços no desenvolvimento científico para a comercialização de novas técnicas, novos serviços, novos medicamentos e a compreensão da humanidade e das ciências sociais que nenhum outro país no mundo pode fazer.
E, claro, a IA é perfeitamente adequada para esse tipo de trabalho com dados. Agora, não acho que teremos a permissão das pessoas para fazer isso, a menos que elas próprias se sintam conectadas a essa jornada.
Fonte: TheTimes
